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Governança na Empresa Familiar

  • Foto do escritor: Armando Lourenzo
    Armando Lourenzo
  • 15 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

A governança é peça importante para a profissionalização das empresas familiares e no contexto desse tipo de organização é necessário o estabelecimento de três níveis de poder:

– família,

– controle ou patrimônio

– empresa.


É fundamental que existam fóruns específicos em cada um destes níveis para as discussões e resoluções de problemas.


Dessa maneira a estrutura de governança na empresa familiar fica constituída da seguinte forma:

– conselho de família,

– conselho societário,

– conselho de administração,

– grupo executivo.


Deve ser levado em conta que a constituição dos conselhos varia de cada empresa em relação ao seu porte, geração e número de herdeiros (BERNHOEFT; GALLO, 2003).


Para Garcia (2001, p. 255-256), a governança “[…] pode ser entendida como a forma pela qual os acionistas (investidores) se organizam para manter o controle da sociedade, como forma de zelar para que ela atinja os objetivos para os quais se destina. ” Ao contrário de Bernhoeft e Gallo (2003), Garcia (2001) contempla a formação de apenas dois conselhos além da assembléia de sócios:


– o conselho de família, que é responsável pelas relações familiares e societárias;

– e o conselho de administração, que cuida da gestão e é o elo no relacionamento entre os acionistas, familiares e gestores.


A transição de comando é uma tarefa muito difícil e desafiadora. Na transição da primeira para segunda geração, a empresa deixa de ser uma sociedade do trabalho, na qual duas ou mais pessoas reúnem esforços para a criação de uma empresa. Quando a segunda geração assume, essa sociedade perde seu vínculo anterior baseado no trabalho e o relacionamento se dará pelo capital.


Essa nova sociedade precisa ser construída em termos de relacionamento, pois os novos sócios não têm compromissos mútuos em razão, também, de ela ser uma sociedade compulsória. Para essa situação, um instrumento útil é a criação de conselhos para, com eles, dar início à separação da propriedade e à gestão executiva.

Os conselhos podem ser de sócios ou herdeiros, mas o princípio de ambos deve ser que seus membros não tenham funções executivas e, neste sentido, a realização financeira dos familiares deve ocorrer em atividades próprias ou ligadas a outras empresas (BERNHOEFT, 1999, p. 57).


O Conselho Familiar é originário das empresas europeias que possuem várias gerações no comando. Os objetivos centrais são a preservação da harmonia na família e a redução de interferências dos problemas familiares na gestão das empresas.


Desse modo, os conselhos são criados e constituídos de um número reduzido de familiares que representam a visão central dos demais membros. Dentro desses organismos, são desenvolvidas as políticas que visam manter os interesses da família no longo prazo, solicitadas as informações sobre a performance da empresa, expressas as necessidades familiares e elaboradas soluções para os problemas internos.


Esse organismo é normalmente optativo, muito embora fundamental, na medida em que procura restringir os assuntos relativos à família nesse conselho para reduzir sua ingerência e interferência na empresa (BORNHOLDT, 2005; DAVIS, 2003).


O conselho de família, que é constituído por membros da família ou famílias proprietárias da empresa, deve ter uma interação com o conselho de administração e com a diretoria-executiva. A relação com a diretoria não deve ser direta, pois neste caso a gestão continuaria com a família.


O modelo de governança na empresa familiar será específico para o porte, maturidade e tipo de família. Deste modo é muito importante que não tenhamos uma solução pronta e sim um tipo de governança específico e que pode variar conforme o ciclo de vida da organização.


Referências Bibliográficas.

BERNHOEFT, R. Desafios e oportunidades das sociedades familiares. In: MARTINS, I. G. S. et al. Empresas familiares brasileiras. São Paulo: Negócios, 1999.

BERNHOEFT, R., GALLO, M. Governança na empresa familiar. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

BORNHOLDT, W. Governança na empresa familiar: implementação e prática. Porto Alegre: Artmed Editora SA, 2005.

DAVIS, J. Uma radiografia da relação empresa + família + propriedade. HSM Management, v. 6, n. 41, novembro – dezembro 2003.

GARCIA, W. P. Desenvolvimento das famílias empresárias. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001


Armando Lourenzo é Doutor em Administração e Mestre em Recursos Humanos pela FEA/USP. Professor, Escritor e Palestrante.

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