A Sucessão na Empresa Familiar
- Armando Lourenzo
- 7 de abr. de 2018
- 2 min de leitura
Uma das principais dificuldades encontradas pela empresa familiar, no que tange a sua sobrevivência no longo prazo, é a transferência do poder do fundador para seus possíveis sucessores. E esta não pode ser encarada através de critérios totalmente objetivos, pois o processo sucessório é permeado por problemas comportamentais enraizados nos conflitos entre os membros da família.
A sucessão vista como um processo, tem uma amplitude grande em nível de tempo e não está relacionada apenas com a fase em que ocorre a transição do poder de fato e de direito do fundador para o sucessor. Ela tem início desde a juventude dos herdeiros que recebem informações e tratamentos tais, que no futuro terão implicações para a troca do poder.
A transferência do comando para um sucessor pertencente à família pode não ser realizada devido a várias razões e, quando não existe uma solução para que esta possa ocorrer via família, outras alternativas podem ser consideradas: vender a empresa para terceiros, separar a organização entre os integrantes da família que possuam legalmente o direito à propriedade, colocar no comando um executivo interno, indicar um executivo externo para a direção da empresa e também a opção de um dos envolvidos adquirir a parte ou as partes dos demais controladores ou acionistas.
Com relação à dificuldade da realização da sucessão, uma lista de motivos para a ausência de uma solução pode ser indicada:
divergências entre sócios; número excessivo de sucessores;
falta de uma liderança natural ou bem aceita entre os possíveis sucessores; desinteresse dos sucessores pelo negócio;
diferenças muito marcantes na participação acionária entre os sócios e, portanto, os sucessores;
o fundador encarar a empresa apenas como uma forma de gerar segurança para os filhos; divergências familiares muito marcantes;
insegurança dos funcionários da empresa quanto ao seu futuro, por falta de uma orientação estratégica e operacional e,
insatisfação ou desinteresse pessoal do fundador com relação ao seu futuro, da empresa e dos familiares.
A sucessão na empresa familiar como transferência possui dois aspectos importantes e que se relacionam com o seu resultado: a importância do aspecto preventivo e a atitude do empresário frente à sucessão. Com relação à atitude do empresário, este fica de frente a vários pontos existenciais: o sucesso empresarial; a razão profissional de viver; a mudança no estilo de vida ou aposentadoria. Somado a estes pontos existenciais deve ser destacada a importância da influência do dirigente (líder), no sentido de este estabelecer as diretrizes estratégicas de funcionamento da firma e as suas prioridades.
De fato este, é o maior desafio da empresa familiar, pois pelas pesquisas mais tradicionais apenas 33% das empresas conseguem ter sucesso na sucessão da primeira para a segunda geração.
No próximo artigo mencionarei alguns caminhos para que este percentual de sucesso aumente significativamente.
Armando Lourenzo é Doutor em Administração e Mestre em Recursos Humanos pela FEA/USP. Professor, Escritor e Palestrante.
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