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Processo de profissionalização e as suas dificuldades

  • Foto do escritor: Armando Lourenzo
    Armando Lourenzo
  • 5 de mai. de 2018
  • 3 min de leitura

Este artigo complementa o postado anteriormente na medida em que detalho de maneira mais aprofundada os levantamentos e análises realizados na minha pesquisa.


Procurei apresentar as visões dos fundadores e sucessores para os principais tópicos relativos as questões da pesquisa.


Utilização do conselho societário

Na pesquisa levantou-se a informação de que mais da metade dos respondentes (fundadores e sucessores) não faz uso do conselho societário. Este conselho, em uma fase inicial, seria um foro para discussões sobre assuntos tanto da família quanto da empresa (depois do amadurecimento deste, seriam formados os conselhos societários e familiares). Serviria, por exemplo, para a elaboração de regras para uma convivência com conflitos reduzidos na dinâmica dos dois sistemas – família e empresa e também para o planejamento da sucessão.


A grande vantagem dos conselhos, além do conhecimento dos problemas e decisões, é o comprometimento de todos com as demandas empresariais.


Uma outra característica encontrada no levantamento sobre o conselho societário é a sua informalidade, a existência de discussões intermináveis e sem objetividade, valendo dizer que a sua eficácia como um ambiente de consenso é praticamente nula.


Relação da profissionalização da gestão com o processo de sucessão

Foi alto o número de entrevistados (fundadores e sucessores) que concorda que uma empresa com uma gestão profissionalizada facilita todo o processo sucessório.

Ficou muito claro na pesquisa que um ponto relevante para a sucessão positiva é a de ela conviver com um processo de profissionalização da gestão. Pode aumentar a possibilidade de sucesso na fase de transferência de poder de uma geração para a outra.


Realização de um programa de profissionalização da sociedade

Nesta pergunta, todos os entrevistados responderam que não houve realização dos programas de profissionalização da sociedade, ou seja, os familiares, atuantes ou não na gestão, não tiveram nenhum tipo de preparo como sócios.


Além dessa resposta, observou-se que os participantes não sabiam o que era este tipo de profissionalização e assim foi necessária uma explicação para a conclusão da resposta. Esse tipo de profissionalização facilita a preparação da família para o relacionamento com a empresa, sobretudo os herdeiros que não atuarão diretamente na gestão. Fato esse que é vital, pois os familiares devem não somente aprender a ser gestores, pela possibilidade de um dia vir a sê-los, mas aprender e entender o que é ser sócio não atuante na gestão.


Dificuldades para a realização da profissionalização

Com relação às perspectivas dos fundadores e sucessores, as dificuldades são apresentadas por:

  • fundadores: não-conhecimento, por parte dos dirigentes ou fundadores, para fazer a empresa transitar de uma gestão pioneira para uma gestão profissionalizada; falta de funcionários adequados para ocuparem as futuras funções; dificuldade em descentralizar o poder por parte do fundador e dificuldade em demitir parentes não-qualificados para a gestão profissionalizada.

  • sucessores: não-conhecimento, dos dirigentes, para fazer a empresa transitar de uma gestão pioneira para uma gestão profissionalizada; falta de funcionários adequados para ocuparem as futuras funções; incompatibilidade dos dirigentes familiares para com novos funcionários contratados para esta nova fase; dificuldade em demitir parentes não-qualificados para a gestão profissionalizada e dificuldade do fundador em descentralizar o poder.

A dificuldade mais indicada segundo a ótica dos fundadores e sucessores é a falta de conhecimento para que se possa desenvolver o processo de profissionalização, pois os dirigentes têm muitos problemas para a condução da gestão das pequenas empresas perante a um mundo em profundas mudanças e exigências. Somada à parte da gestão, encontra-se também a mesma falta de conhecimento para o desenvolvimento dos assuntos referentes aos relacionamentos familiares, onde os mundos acadêmico e de consultoria ainda estão começando, sobretudo quando isto está relacionado às empresas de pequeno porte.


Solução para empresas familiares

Com relação à melhor solução para o aumento da longevidade da empresa familiar, a substituição da família totalmente por executivos de fora, verifica-se que a maioria dos respondentes (fundadores e sucessores) discorda de alguma forma que a substituição é a alternativa mais eficaz. Quando esse quadro é visto pela perspectiva do fundador nota-se que a maioria discorda totalmente, enquanto para os sucessores a minoria discorda totalmente. Esse fato sugere que os fundadores acreditam muito mais na possibilidade de a empresa continuar nas mãos da família do que os herdeiros. Relaciona-se isso a um fator fundamental, a confiança em quem está na gestão.


Armando Lourenzo é Doutor em Administração e Mestre em Recursos Humanos pela FEA/USP. Professor, Escritor e Palestrante.

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