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Sucessor virou líder! E agora? (parte 3)

  • Foto do escritor: Armando Lourenzo
    Armando Lourenzo
  • 4 de abr. de 2018
  • 6 min de leitura

Este artigo do blog procura ampliar o detalhamento de mais algumas características dos gestores e finalizar este bloco de artigos sobre liderança e sucessores.


Estabelecer prioridades

Eu não entendo e acho bem estranho as empresas, em pleno século XXI, ainda contratarem treinamentos de Administração de Tempo. Temos de reconhecer que a realidade é esta e muitos gestores realmente não sabem administrar o tempo e nem estabelecer prioridades para os profissionais de seu time.


Muitas pessoas vão embora das empresas pela falta de balanceamento entre a vida pessoal e a vida profissional. Isto quer dizer que muitas horas extras realizadas pelos funcionários são originadas na falta de planejamento dos gestores.


Desta forma, administrar melhor o tempo pode ajudar na retenção de profissionais ou mesmo trazer mais eficiência à gestão.


Os gestores novos, muitas vezes pelo fato de serem centralizadores, não delegam, não estabelecem prioridades e acabam por provocar uma redução no clima organizacional, além de atrasar as entregas das atividades da área.


Planeje as atividades, distribua as mesmas entre os profissionais levando em conta os limites de entrega de cada funcionário e acompanhe os resultados. A utilização de um cronograma pode ajudar muito, pois dentro desta ferramenta você estabelecerá quais são todas as atividades que deverão desenvolvidas dentro de um período específico. Com este mapa você poderá gerenciar as prioridades de atividades de forma mais eficiente.


Um outro aspecto a ser considerado, e que recebo muitas reclamações de profissionais, é de o gestor mudar toda hora as prioridades de seu time de trabalho. Pense muito antes de alterar o cronograma previsto de atividades, pois estas mudanças provocam baixa no clima e podem passar uma mensagem de que você como líder cede a todas as demandas sem se importar com seus funcionários.


Se houver alterações não deixe de explicar os motivos para seus liderados, pois isto fará com que eles percebam a real importância delas. Claro que deverá haver uma explicação lógica.


Ter uma postura positiva

Trabalhei em uma empresa e lá havia um gestor que era apelidado pelos colegas como “Mensageiro do Apocalipse”. Tudo para ele iria dar errado, sempre os resultados seriam péssimos! Era uma orientação negativa constante durante o dia de trabalho.


Seu time precisa de um horizonte positivo e de se sentir seguro na empresa que trabalha e, portanto, sua postura positiva se faz mais do que necessária.


Note que não estou fazendo apologia a um otimismo irresponsável, mas você como líder deve transmitir muita segurança para as pessoas. Deve ser sempre transparente, justificar os fatos e acontecimentos e orientar a equipe para um clima favorável.


É muito comum o líder receber uma pressão de cima e quando chega na sua equipe transmitir um sentimento muito negativo como se os funcionários fossem culpados pelos erros de decisão dos líderes da empresa.


Sendo assim é fundamental que você tenha uma postura positiva de forma a apontar caminhos para a resolução dos problemas.


Postura inovadora

Comecei a trabalhar na década de 70 e o ambiente organizacional das empresas era mais tranquilo. Costumo dizer que tínhamos três profissionais para fazer a tarefa de um, enquanto hoje é exatamente o contrário, temos um profissional para fazer a tarefa de três pessoas. Além de vivermos neste ambiente a concorrência traz para as empresas muitas consequências como a necessidade de redução constante de custos e o aprimoramento frequente dos processos.


Com certeza para viver neste ambiente a criatividade é uma palavra de ordem. Consequentemente, sermos líderes criativos colabora com o crescimento sustentável das organizações, na medida em que sempre agregamos valor para os clientes, além de mantermos a empresa saudável pelas perspectivas de resultados financeiros e de clima organizacional.


Tenha sempre ideias inovadoras, mas não se esqueça de ter pessoas que o ajudem na implementação destas iniciativas dentro da empresa.


Ter estabilidade emocional

Este é um ponto fundamental na vida do líder e de forte impacto no clima de sua equipe. Os funcionários precisam trabalhar em um ambiente de segurança e quanto mais a emoção do chefe for instável menor será o nível de satisfação das pessoas.


Os funcionários precisam de um gestor que traga estabilidade interna e não que repasse para a equipe toda a pressão que recebe. Como líder você sofrerá muita pressão no seu dia-a-dia, que não pode ser transmitida integralmente aos seus funcionários.


A sua segurança profissional trará um melhor ambiente de trabalho e como um ponto positivo é possível que você aumente o engajamento dos profissionais que trabalham com você.


Como um ambiente de pressão é fato, as pessoas relacionadas a você – seu líder, sua equipe e seus pares – esperam que você saiba absorver e trazer um direcionamento para as situações vividas, ou mesmo ter a humildade de formular soluções conjuntamente à sua equipe.


Saber lidar com a cultura organizacional

Uma das coisas mais importantes dentro das empresas é saber ler a cultura organizacional e navegar nela. Muitas vezes as estratégias e as novas ideias falham durante o processo de implementação, pois quem está liderando o processo não compreendeu que o choque cultural pode ser o maior entrave para o sucesso da implementação de uma ideia ou mesmo de uma estratégia empresarial.


Precisamos entender como as pessoas reagem às situações que lhes são impostas dentro da empresa e no que elas realmente acreditam em termos de valores organizacionais.


Não imagine que você mudará a cultura em um simples passe de mágica, isto nunca. Entenda que a cultura é um mecanismo muito forte dentro das organizações e que se bem conhecida pode se tornar uma grande aliada sua. Não estou dizendo que não é possível mudar uma cultura, apenas comentando que este pode ser um caminho muito difícil e que para ter sucesso, o apoio da principal liderança é primordial para você ter êxito em uma mudança.


Desta forma acho melhor trabalharmos dentro do valor da cultura e fazer o melhor dentro do possível e do permitido pela cultura organizacional.


Lidar com articulações internacionais

Este tema depende muito da empresa que você trabalha, ou seja, se ela tem ou não relacionamentos globais com líderes da sua empresa, outras organizações, clientes ou fornecedores do seu ramo de atuação.


As diferenças são muitas, fusos horários até culturas muito distintas entre os países de seu relacionamento. Você deve compreender e conhecer cada tipo de cultura de seus interlocutores e agir em conformidade com cada uma.


Provavelmente você terá uma linha hierárquica matricial e com isto, a possibilidade de ter mais de um líder será grande. Um gestor será de seu país e outros de países diferentes. Neste caso seus relacionamentos e condutas devem ser apropriadas para cada um de seus líderes. Pense em como cada um deles é e na sequência tenha ações adequadas com os valores e culturas de cada um; sem perder o seu foco, seu profissionalismo e seus valores.


Realmente é muito difícil atuar neste mundo global, pois é como se você tivesse de andar em um fio da navalha. Ser você mesmo sem, ao mesmo tempo, ferir os valores de cada interlocutor internacional.


Saber formar e desenvolver equipes

Este é um ponto muito importante na trajetória dos líderes e muitos deles ainda não se preocupam. Aliás, eles não querem desenvolver os liderados com medo de serem superados pelos próprios colaboradores.


Esta pode ser uma visão de curto prazo, pois para você subir na empresa deverá ter sucessores e também para implementar suas estratégias você deverá ter profissionais competentes.


Conheço diversos líderes de empresas como presidentes e diretores, muitos invejados pela sua competência, que na prática o sucesso de cada um deles, está totalmente baseado em uma equipe desenvolvida.


Ter visão de futuro

Tenho 35 anos de carreira em empresas e pude conhecer centenas de profissionais. Grande parte carregando a mesma característica como gestor: ser mais operacional do que estratégico. Nós como gestores, somos pagos para agregar valor e sendo operacionais o resultado pode ser outro.


Presenciei muitas situações nas quais os gestores reclamavam das empresas que trabalhavam por estas os tornarem operacionais. Quando foram retiradas todas as atividades operacionais parecia que tudo iria melhorar, mas foi um ledo engano, seis meses depois todas as atividades voltaram para as mãos dos gestores “operacionais”. O que demonstra que os gestores eram de fato operacionais e não estratégicos.


Você deve entender o negócio e as estratégias da sua empresa que você trabalha, além de conhecer a visão de futuro dela. As suas ações gerenciais devem estar baseadas nesta visão e seus funcionários devem interpretar as suas ações pelo olhar da visão da empresa.


Torne a sua área importante dentro da visão da empresa. Faça a sua área ser reconhecida como importante para o alcance da visão de futuro e com certeza você será um gestor de destaque e reconhecido pelos funcionários, líderes e pares com exceção dos incompetentes e invejosos de plantão.


Armando Lourenzo é Doutor em Administração e Mestre em Recursos Humanos pela FEA/USP. Professor, Escritor e Palestrante.

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